01/02/2021 - 10h00

A politização de tudo!

A politização de tudo!

Os farmacêuticos, médicos, biotecnólogos e outras áreas do meio científico devem se perguntar: “Por que corremos para salvar vidas e descobrir vacinas? Pelo menos no Brasil , esta dúvida faz muito sentido.
Iniciamos o mês de Fevereiro com a dúvida se teremos carnaval em algum lugar do país, ou pelo menos o feriadão de sempre. Será que a conversa de aglomeração, seja nos sambódromos de alguma cidade, seja nas praias com o feriadão, é exagero? Em um momento de economia fragilizada, um calendário de feriados seria o mais relevante nas rodas? A categoria dos caminhoneiros quererem parar a partir do primeiro dia de Fevereiro que, não por coincidência, será o dia da votação dos presidentes do senado e da câmara dos deputados.

Rodrigo Maia com dezenas de pedidos de impeachment do presidente Bolsonaro, comentar que se perder apoio do seu candidato, poderá seguir com um dos pedidos em seu último dia de mandato.  Dória e Bolsonaro, entre outros políticos brasileiros, fazer um evento midiático sobre a vacinação, como se fosse um favor à população.
Enfim, se formos relatar mais exemplos da politização em todas as ações e eventos , ficaríamos horas aqui.  Se os políticos querem conquistar capital político com seu eleitorado, então trabalhem para equalizarem alguns dos impasses abaixo:
-nosso déficit primário saltou de 1% do PIB em 2019 para quase 20% no final de 2020. Temos aproximadamente 15 milhões de desempregados. Temos uma geração de jovens perdida, sem emprego, sem expectativa de futuro, e até do presente. Que trabalhadores teremos no futuro próximos pós pandemia? Despreparados, desanimados, sem patrimônio, infelizes e depressivos? Enquanto a taxa SELIC está em 2%(mais baixa da história dela), os juros bancários continuam elevadíssimos. A pandemia aumentou nosso índice GINI(que mede a desigualdade social em um país). Com o fim do auxílio emergencial, a classe D e E terão R$.48 bilhões a menos circulando, conforme manchetes divulgadas. A conta não fecha. Se o auxílio cessar, milhões ficarão absolutamente na miséria. Se continuar, as contas públicas não suportarão. Estes dilemas é que deveriam ter soluções com manchetes, e não quem vacinou um cidadão primeiro.

Aqui o intuito não é atacar os políticos ou a própria política. Esta, por sinal, nós a utilizamos no dia a dia. Faz parte do “verniz social” sermos políticos, mesmo sem percebermos. Porém, a politização é um desvio de foco, de personalidade e até de caráter.
Com milhões de brasileiros correndo atrás da sua subsistência, e não tendo estrutura emocional para pensar e lutar por dias melhores, cabe à um grupo seleto fazê-lo. Espero que este grupo seleto não seja, apenas, o que faz politização de tudo.

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Sidnei Bertinato da Silva - MBA na FGV em gestão estratégica de organizações e graduado em Relações Internacionais. Tem 29 anos de experiência em instituições financeiras e atualmente é consultor independente

**Este texto expressa a opinião do autor, e não do website BASEDECAMBIO.COM

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